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Onde é que a criança deve dormir? Por Mikaela Övén - Autora

  

    Olhar para a parentalidade através dos olhos de pais de outros países e outras culturas tem-me aberto muito a minha mente e tem desafiado várias crenças e práticas às quais estava habituada.  Ao mesmo tempo que existem alguns standards universais de acordo com os quais eu acredito que uma criança deveria ser tratada, também existem várias formas de ser uma boa mãe ou um bom pai.Uma das práticas mais discutidas na nossa sociedade está relacionada com onde é que a criança deveria dormir. Parece-me que quanto mais poder económico, mais importância se dá a esta questão e mais se acredita na importância da separação entre filhos e pais na hora de dormir.

 

   Antes de mergulharmos em argumentos da psicologia sobre se as crianças deveriam dormir com os pais ou não, que é o que normalmente se faz, é interessante envolvermos a antropologia. Na minha infância, passei os meus Verões em Montenegro (o país de origem da minha mãe), um país europeu (da ex-Jugoslávia), com bastante menos poder económico que os restantes países na União Europeia. Lembro-me bem que eu e a minha irmã éramos as únicas entre os primos que tínhamos um quarto cada uma. Algo que os nossos primos invejavam. Nas minhas viagens pela Índia, visitando muitas famílias de castas baixas, dúvidas em relação a onde as crianças devem dormir não existem. Todos dormem em tapetes no chão, no mesmo (e normalmente o único) quarto.

 

   Aliás, na maioria dos países não-Ocidentais, bebés e crianças pequenas dormem com os seus pais (na mesma cama ou no mesmo quarto). É apenas em países industrializados no Ocidente que se tornou realmente importante separar as crianças dos pais. Num estudo (Barry, H., & Paxson, 1971) de 186 sociedades não-industrializadas, 46% das crianças dormem na mesma cama que os pais e 21% numa cama diferente, mas no mesmo quarto.  Ou seja, 67% das crianças dormem em companhia de outros. Nas 186 culturas estudadas, em nenhuma as crianças dormem separadas dos pais antes de 1 ano de idade. Sendo o estudo de 1971 acredito que os números antes eram maiores, e depois provavelmente menores.

 

   Além disso, estudos recentes demonstram que há mais pais a praticarem ‘co-sleeping’ do que aqueles que o admitem publicamente e curiosamente os números no Ocidente parecem estar a aumentar.

 

   Então e os argumentos da psicologia? Pois, há estudos que demonstram os ‘perigos’ do ‘co-sleeping’* e há estudos que demonstram as consequências da separação precoce…. Muitas das vezes, ambos os lados falam dos mesmos riscos, a falta de autonomia e de independência. Nas minhas observações em alguns países diferentes, e soluções diferentes, nunca consegui traçar uma ligação entre maior autonomia e independência e o sítio onde a criança dorme (mas vi uma ligação clara entre autonomia, independência e confiança por parte dos pais nas capacidades da criança). Embora não cientifica, acredito que a amostra é significativa.

 

Ufa… e agora… o que fazer?! 

   Talvez te perguntes como é na minha família?… Não, neste momento não praticamos co-sleeping! Eu pessoalmente prefiro que os meus filhos com a idade e o tamanho que têm durmam nas suas camas, nos seus quartos. O mais novo, que partilha o quarto com o irmão, nem sempre está de acordo. Essa minha preferência tem apenas a ver comigo (e o facto de eu ter mais quartos em casa!)… não está baseada em estudos, medos, crenças, receios e comentários dos outros…

 

A mensagem que te quero passar é esta:
Alguns dormem com os filhos, outros não. Não é certo, nem errado colocares o teu filho a dormir no seu quarto aos 6 meses. Nem é certo ou errado o teu filho com 5 anos durma contigo. Tudo depende das tuas intenções e das necessidades da família. Faz o que te fizer mais sentido, faz o que sentes melhor para ti e para o teu filho. Agora. A decisão que tomares hoje, não impede uma decisão diferente no futuro. Necessidades, vontades e ideias, mudam. E está tudo bem. Esquece os argumentos pró e contra. Esquece as escolhas dos outros e sente-te bem com a tua! Juntos ou separados, tenho a certeza que se estiveres a fazer uma escolha consciente e congruente, vai correr tudo bem.

 

*co-sleeping é quando a criança partilha a cama dos pais ou dorme no mesmo quarto que os pais.


Por Mikaela Övén | 7 AGO 2015 | AMOR INCONDICIONAL & AUTO ESTIMACOMO FAZER 

Artigo:aqui
Fontes:
www.mikaelaoven.com
Academia de Parentalidade consciente

Image credit: David Castillo DominiciFreeDigitalPhotos.net